#4

ERA UMA VEZ 
 
O primeiro era uma lebre. A dois mil metros numa fronteira da montanha. Onde é que vais? perguntou o oficial da alfândega francesa. Para Itália, respondi. Porque é que não paraste? perguntou. Pensei que me chamarias, respondi. E nesse momento tudo foi esquecido porque uma lebre atravessou a estrada a correr, dez jardas à nossa frente. Era uma lebre magra, com tufos da cor de fumo castanho na ponta das orelhas. E embora corresse devagar, corria pela sua vida. Às vezes isso pode acontecer.