O que nos separa dos personagens sobre os quais escrevemos não é o conhecimento, seja este subjectivo ou objectivo, mas a experiência deles do tempo, na história que estamos a contar. Esta separação dá-nos, a nós contadores, o poder de saber o todo. No entanto, esta separação deixa-nos igualmente sem poderes: não podemos controlar os nossos personagens, depois da narração ter começado. Somos obrigados a segui-los, através e no tempo, no qual eles estão a viver e que nós controlamos.
#98
A noção de que a vida, vivida, é uma história, é uma noção recorrente. O racionalismo rejeitou esta noção propondo a inelutável mecanicidade das leis da natureza. A maioria das investigações científicas recentes tendem a sugerir que o trabalho natural dos processos do universo se parecem mais com os de um cérebro que de uma máquina. Pensar um tal "cérebro" como um narrador - embora muitos cientistas acusem este pensamento de ser demasiado antropomórfico - tornou-se possível. A metafísica do contar histórias deixou de ser apenas uma preocupação literária.
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