#21

Rio murmurante
agarra o nevoeiro
por um momento mais.
Os picos fazem a sua assinatura
no céu.
Pára e ouve
as máquinas do leite
desenhadas para mamar como vitelos.
No primeiro calor
as colinas florestadas calculam
o seu declive.
O condutor da camioneta vai pela estrada
que vai dar ao passe que leva
surpreendentemente
com a sua própria familiaridade
a outra pátria.
Em breve a relva será
mais quente
que os cornos das vacas.
O inesperado vem
ao nosso encontro
batedor da morte e da vida.

#20

O que surpreende não pode ser
a sobra do que foi.
O amanhã ainda cego
avança devagar.
A visão e a luz
correm ao encontro uma da outra,
e do seu abraço
nasce o dia,
olhos abertos
alto como um potro.