#24

Assim, as pessoas vivem numa nova dimensão temporal. A vida social, que em tempos ofereceu um exemplo de relativa permanência é agora garantia da impermanência. Dada a condição actual do mundo, isto oferece uma promessa. Mas  significa igualmente que as pessoas se encontram mais sós do que eram, antes do enigma dos dois tempos das suas vidas. Já não há valor social que subscreva o tempo da consciência. Ou, para ser mais exacto, não há valor social aceite que o possa fazer. Em algumas circunstâncias - penso no Che Guevara - a consciência revolucionária assume este papel de uma nova maneira. 

#23

Desde a Revolução Francesa que a história mudou de papel. Antes era guardiã do passado: agora tornou-se a parteira do futuro. Já não fala do imutável mas, pelo contrário, das leis da mudança que não poupam nada. Por todo o lado, a história é vista como progresso, às vezes progresso sócio-político e continuamente progresso tecnológico. A história, acertadamente, oferece esperança aos desesperados e explorados que lutam por justiça. (No Terceiro Mundo, à medida que o século se aproxima do fim, esta esperança está cada vez mais a unir forças com a fé religiosa.) No mundo dos relativamente ricos, a exigência única e insaciável da história tornou-se a da obsolescência.