Uma vez em Amesterdão
É estranho como, às vezes, os historiadores de arte ao tentar datar algumas pinturas, dão tanta atenção ao "estilo", aos inventários, aos recibos, às listas de leilões e tão pouco à evidência pintada da idade do modelo. Como se não confiassem no pintor neste ponto. Por exemplo, quando tentam datar e organizar cronologicamente as pinturas de Hendrickje Stoffels do Rembrandt. Nenhum pintor foi mais conhecedor do processo do envelhecimento e mais nenhum pintor nos deixou um registo tão intimista do grande amor da sua vida. O que quer que as conjunturas documentais digam, as pinturas deixam claro que o amor entre Hendrickje e o pintor durou cerca de vinte anos, até à morte dela, seis anos antes da dele.