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Entre as primeiras ilhas da costa oeste está Gigha. Há quinhentos anos, os insulares construíram uma pequena capela na sua ponta mais a sul. Esteve lá trezentos anos e depois caiu em ruína. À volta da capela há um cemitério. As lápides não são muito diferentes das dos cemitérios europeus. Muitas têm gravadas as mortes de várias gerações: o nome, ano de nascimento, dia da morte e o local da morte, se não tivesse sido na ilha. Um nome e duas datas, a última precisa no dia. É isto que está gravado. Sobre o que aconteceu entretanto, fora o simples facto da sobrevivência, nem uma palavra. 

Sal, chuva, liquenes e o vento apagam as letras mais profundamente inscritas, com um século ou dois. Porquê sequer inscrever o nome e as duas datas? A mesma questão pode ser levantada em qualquer cemitério, mas aqui, na ilha, a pergunta é mais evidente. 

As inscrições não são para os vivos. Os que lembram a morte não precisam de ser relembrados. O que está inscrito é uma forma de identificação e as identificações dirigem-se a um terceiro.  As lápides são cartas de recomendação aos mortos, que dizem respeito aos que acabam de partir, escritas na esperança de que eles, que partiram, não precisem de ser renomeados.