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Quanto mais profunda a experiência de um momento, maior a acumulação de experiência. É por isto que o momento é vivido como mais longo. Verifica-se a dissipação do fluir temporal. A duração do vivido não é uma questão de comprimento mas de profundidade ou intensidade. Proust compreendeu isto.
Mas esta não é apenas uma verdade cultural. Um equivalente natural ao aumento periódico da densidade do vivido pode ser encontrado naqueles dias em que o sol e a chuva se alternam, na primavera ou no início do verão, quando as plantas crescem, de forma quase visível, alguns milímetros ou centímetros por dia. As horas de crescimento espectacular e de acumulação são desproporcionais às horas de inverno, quando a semente está inerte na terra.